Tenho a impressão de que violei as múmias do Egito,
meu grito está mudo, mas ainda arde a garganta...
e no mais... não adianta, terei de pagar...
Os demônios que outrora pensei ter exorcizado
acordaram comigo.
E perambularão por algum tempo no meu encalço.
No sorriso do inimigo, na fumaça do baseado,
no frasco de perfume roubado, na alucinação eterna do momento.
Da ressaca o sabor indigesto, o espírito do tempo...
No meu brado o sofrimento:
Sai de mim gosto bolorento!
Vai amargar outra saliva, desgraçado sentimento!
A mão do cumprimento é a mesma que cimenta jardins,
A maldição das quimeras caiu sobre mim.
E caída, amei com ela a noite toda!
Estava suja, mas...
Que se foda! Sou desses amantes justiceiros.
Desses que limpam o mundo dos carniceiros.
Por isso cuidado se és desse tipo que vive
em sua razão fazendo só o que quer.
Sou maldito e acabo sempre deixando uma marca!
Não por vingança, não pelas flores que cultivei,
mas sim por esqueceres o nome da mulher que amei,
por sequer seres homem num condado onde só pisam reis!
quarta-feira, 16 de dezembro de 2009
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
A santa que matou Morfeu
A poesia da liberdade faz morada na boca.
O mel, saliva quente, reflexo.
Mormaço do dia-a-dia em tua pele de fogo,
manta de sonhos em carne nua.
A crueza da vida marca as palavras,
A terra se molda ao contato com seus passos
a lua te espreita negra,
adimira o caminhar...
Vem passar de novo em minha rua,
vem ouvir meu canto,
deixa eu partilhar desejos, te gerar espanto.
Me tira do abrigo, do lugar comum,
me joga no impreciso!
Vem confundir seu suor com o meu,
vem assassinar meu sono com teu sorriso,
com teus santos risos.
O mel, saliva quente, reflexo.
Mormaço do dia-a-dia em tua pele de fogo,
manta de sonhos em carne nua.
A crueza da vida marca as palavras,
A terra se molda ao contato com seus passos
a lua te espreita negra,
adimira o caminhar...
Vem passar de novo em minha rua,
vem ouvir meu canto,
deixa eu partilhar desejos, te gerar espanto.
Me tira do abrigo, do lugar comum,
me joga no impreciso!
Vem confundir seu suor com o meu,
vem assassinar meu sono com teu sorriso,
com teus santos risos.
sexta-feira, 11 de dezembro de 2009
Úlcera
"Quando agente tenta de toda maneira,Há muito que escondo,
dele se guardar, sentimento ilhado,
morto e amordaçado volta a incomodar"
(Raimundo Fagner)
há muito fujo!
Há muito estou ausente de mim.
De tanto dissimular minha dor,
de tanto camuflar o sorriso...
Virei outra pessoa,
me transformei no meu disfarce
desenvolvi uma úlcera.
Tudo por conta da minha arrogância!
Quis demonstrar força,
mas esqueci que sou humano.
Tudo pelo meu excesso de cobrança!
Até enganei alguns,
mas quem me conhece sabia,
sabiam o que eu escondia,
um amor, uma cria,
um sentimento gigantesco
varria as ruas desabitadas da alma
Agora é tarde, de tão crônica a enfermidade
o que resta é o aprendizado do convivio,
convivio com meus erros, convívio com a angústia,
convívio com a memória do que fui...
tudo isso em meio a breve esperança de me reencontrar,
afinal já não há mais fantasia pra esconder-me.
domingo, 6 de dezembro de 2009
O adorador de abismos

Na arte de viver sou amador.
Daquele tipo que vive na eminência do fim
fazendo valer todos os segundos do tempo,
como se cada momento fosse o último.
Sim, sou amador!
amo tudo em demasia,
como se precisasse guardar a lembrança do mundo
no final de cada dia.
Como se dessa maneira pudesse adiar a despedida,
como se fosse possível enganar a morte.
Assim à muitos anos meu ritual se faz
no culto das memórias vivas à beira do abismo.
Meu templo é o limite da existência
e é nesse lugar que pago minha penitência
fazendo diariamente minhas ultimas preces
e acabando que sempre vendo um novo amanhecer.
Como se a morte alterasse seus planos
pra me ver correndo atrás da vida na alvorada seguinte,
como se ela, a morte, tivesse esperanças
de me ver completo na experiência humana.
sábado, 21 de novembro de 2009
Erudição Popular
"A ciência é a poesia que não deu certo"
Vejo no olhar do povo sua verdade, seu sacrifício, sua clausura
Vejo sua ignorância e sua beleza, nada diferente da minha,
ouso em sua fala sua expressão agregadora,
sua comunicação sem rédeas, sua falta de disciplina.
Sinto no suor desses meus irmãos
a luta e a construção, a transformação do imaginário.
Medito as tradições desta gente,
o conhecimento ancestral e nunca estático,
o canibalismo mutante e criador do aprendizado.
Sua ciência de terra nunca melhor que a dos livros,
mas também nunca pior!
Diferente e possível, vital e tangível, a letra,
a fala, a imagem da dor,
do amor, da vida simples e caótica por natureza,
daí sua beleza, sua trilha rumo a liberdade,
seu potencial evolutivo ...
Por isso quero que minhas palavras tornem-se ditos populares,
pra que nunca ultrapassarem a proporção de palavras,
pra nunca aprisionarem a autonomia de ninguém,
pra que nunca possam castrar o pensamento,
só assim não sendo mantras é que terão sentido
e serão sábias por consequência e sequer minhas...
Serão poeiras de sonho na mente de todos que ainda puderem sonhar.
Na casa onde moram os medos
-Posso te contar um segredo?
O olhar era de medo e de coragem ao mesmo tempo. Difícil de conceber, mas era exatamente assim. Não olhava diretamente nos olhos, mas trazia na voz um desejo de confissão sangrada, das confissões que se precisa ter coragem pra dizer, por mais bobas que possam parecer ao outro. Então eu disse:
-Conta.
Também estava com medo, porém percebia ser um medo diferente, daqueles medos de ter que ser sincero. Ridículo né? Mas existe, medo de ser sincero…continuou:
-Não sei se devo.
Exitava pra testar se realmente valia dizer, o que é bom, afinal não se conta um segredo pra quem não o dará o devido valor, pra quem não o guardará com o respeito necessário.
-Conta eu quero escutar. Enfatizei.
-Lá vou eu de novo me adiar no processo que estamos construindo. Disse ela me encarando.
Senti nos olhos dela a história dos seus anos, suas dores, seus anseios…Os olhos são as portas do inferno interior de cada um e só se pode ir ao paraíso atravez dessas passagens. Eu queria dividir a visão do meu inferno com ela, mas assim como ela, eu também tinha medo.
-Acho que eu…
Conteve-se e me deu um beijo bem de leve.
Como quem mede a temperatura do lábio para medir a temperatura da recepção do que diria. Afinal não há medo no dizer, mas sim medo no como receberão o que dizemos.
-Pode falar!
Disse firme, mas inseguro. A insegurança é a condenação de quem será posto à prova.
-Acho que eu estou…
Parou de me olhar nos olhos, por um segundo pensou em não mais me dizer. Pensou: “E se ele for como todos os outros?”. Ela não tinha medo da minha estranheza, mas da minha semelhança.
-Acho…
Segurei de leve o seu rosto e a obriguei a me olhar nos olhos novamente.
-Acho que eu estou completamente apaixonada por você!
Disse como quem tirava uma cruz das costas e na sequência já ia se justificar, mas interrompi.
-Eu te amo.
Disse me desarmando, como quem relativizava e sentia incompletude no que ela havia dito.
-Qual a diferença de estar completamente apaixonado e de amar?
Ela sorriu com o canto da boca e olhou tão profundamente nos meus olhos que eu me senti invadido, provei do meu próprio veneno e tive medo. Eu que sempre estava à olhar todos de frente e com segurança, titubiei e me entreguei como quem desvirginava um novo mundo. Ela com tom surpreso e feliz respondeu:
-O tempo?
Falou como quem blefava com cartas boas pra jogar. Eu retruquei:
-Mas como prever o tempo limite entre a paixão e o amor. São nomes, são só nomes!
Eu dizia algo que ela já sabia e pra nós dois só precisava ficar mais explicito. Insisti:
-O tempo é relativo, podemos construir amores e paixões breves ou grandes sentimentos, não é? Você mesmo já me disse isso lembra?
Ela disse estar mais leve e eu fiquei a observar seu corpo deitado sobre o meu.
Nos apresentamos aos nossos infernos e o paraíso já podia vir. Foi quando ela encerrou:
-Será que era mesmo um segredo?
O olhar era de medo e de coragem ao mesmo tempo. Difícil de conceber, mas era exatamente assim. Não olhava diretamente nos olhos, mas trazia na voz um desejo de confissão sangrada, das confissões que se precisa ter coragem pra dizer, por mais bobas que possam parecer ao outro. Então eu disse:
-Conta.
Também estava com medo, porém percebia ser um medo diferente, daqueles medos de ter que ser sincero. Ridículo né? Mas existe, medo de ser sincero…continuou:
-Não sei se devo.
Exitava pra testar se realmente valia dizer, o que é bom, afinal não se conta um segredo pra quem não o dará o devido valor, pra quem não o guardará com o respeito necessário.
-Conta eu quero escutar. Enfatizei.
-Lá vou eu de novo me adiar no processo que estamos construindo. Disse ela me encarando.
Senti nos olhos dela a história dos seus anos, suas dores, seus anseios…Os olhos são as portas do inferno interior de cada um e só se pode ir ao paraíso atravez dessas passagens. Eu queria dividir a visão do meu inferno com ela, mas assim como ela, eu também tinha medo.
-Acho que eu…
Conteve-se e me deu um beijo bem de leve.
Como quem mede a temperatura do lábio para medir a temperatura da recepção do que diria. Afinal não há medo no dizer, mas sim medo no como receberão o que dizemos.
-Pode falar!
Disse firme, mas inseguro. A insegurança é a condenação de quem será posto à prova.
-Acho que eu estou…
Parou de me olhar nos olhos, por um segundo pensou em não mais me dizer. Pensou: “E se ele for como todos os outros?”. Ela não tinha medo da minha estranheza, mas da minha semelhança.
-Acho…
Segurei de leve o seu rosto e a obriguei a me olhar nos olhos novamente.
-Acho que eu estou completamente apaixonada por você!
Disse como quem tirava uma cruz das costas e na sequência já ia se justificar, mas interrompi.
-Eu te amo.
Disse me desarmando, como quem relativizava e sentia incompletude no que ela havia dito.
-Qual a diferença de estar completamente apaixonado e de amar?
Ela sorriu com o canto da boca e olhou tão profundamente nos meus olhos que eu me senti invadido, provei do meu próprio veneno e tive medo. Eu que sempre estava à olhar todos de frente e com segurança, titubiei e me entreguei como quem desvirginava um novo mundo. Ela com tom surpreso e feliz respondeu:
-O tempo?
Falou como quem blefava com cartas boas pra jogar. Eu retruquei:
-Mas como prever o tempo limite entre a paixão e o amor. São nomes, são só nomes!
Eu dizia algo que ela já sabia e pra nós dois só precisava ficar mais explicito. Insisti:
-O tempo é relativo, podemos construir amores e paixões breves ou grandes sentimentos, não é? Você mesmo já me disse isso lembra?
Ela disse estar mais leve e eu fiquei a observar seu corpo deitado sobre o meu.
Nos apresentamos aos nossos infernos e o paraíso já podia vir. Foi quando ela encerrou:
-Será que era mesmo um segredo?
quinta-feira, 5 de novembro de 2009
Segunda - Feira, 18 de Março
Não é o dia de hoje,
não é questão de tempo
escrevo com a dor do ontem
o passado advento.
Sem muito o que dizer
regeito o que escuto,
assim, docemente bruto.
Uma anomalia,
a cria de Roberto Piva e Saramago.
Sou aquele que mata quem mais ama
só pra ver morrer um pouco de si
no meio do estrago, um mago!
Meio menino,
meio homem,
meio pedra,
meio mar...
Hoje resolvi te abandonar e morri
o calendário esqueceu de contar.
não é questão de tempo
escrevo com a dor do ontem
o passado advento.
Sem muito o que dizer
regeito o que escuto,
assim, docemente bruto.
Uma anomalia,
a cria de Roberto Piva e Saramago.
Sou aquele que mata quem mais ama
só pra ver morrer um pouco de si
no meio do estrago, um mago!
Meio menino,
meio homem,
meio pedra,
meio mar...
Hoje resolvi te abandonar e morri
o calendário esqueceu de contar.
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