segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Ant'agônica

Nos simulacros onde escondem-se os porcos,
há fartura de alimento as custas de nosso suor.
A alma não está a venda,
mas ainda assim é comprada.

Agonizantes gritos de socorro
ecoam das coberturas dos apartamentos,
das cabeças de vento nada de novo
apenas a mesma satira do mesmo povo.

Enquanto isso
proliferam-se nas quebradas
Kamiquases da intelectualidade avessa,
mergulhando de cabeça num mundo sem perspectivas.

Nas derivas da sociedade injetando criatividade
onde reina o que é mediocre.

Cuidado Senhores!!
A vida é cheia de brechas
e nela eu tô solto na buraqueira.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2008

Lua


Lua, bola cheia de vento,
fruta sem coração.
Lua, rajada de tempo,
vida sem ilusão...

Lua, dorme ao relento,
dona da escuridão.
Lua, minha vida de sempre,
deixe-me ser seu irmão...

Lua, tem gostinho de menta
ou será que é de limão?

De andada


Na sarjeta escorre a cana
que deixa o caranguejo urbano cair,
quem almeja a queda desconhece o abraço do solo?
Carbono papel social

faz-se a face visceral,
ele, o chão...
Outrora de pé, agora o lamento póstumo.
Lama, cama de pedra.

Quantos poemas são necessários para se escrever um livro...

Hein? Quantos?
Devo ter uns 30, mas ainda acho que é pouco.
Será que devo me dedicar mais? Será que devo plantar uma árvore antes? Fazer um filho?

Se um dia eu publicar um livro, será que ele será mesmo público?
Será que preciso entender de métrica ou saber o que é prosopopéia?
Acho que pra ser bom tem ser espontâneo.
Mas como escrever um livro espontaneamente?
Será que pra ser bom tem mesmo que ser grande? Com muitas páginas e sem ilustração?

E se gostarem de minha poesia terei de escrever sempre?
Terei de ganhar dinheiro com isso?
Será que vão aclamar minha escrita sem forma e sitar minhas frases nas salas de aula?

E se a árvore que plantei morrer?
E se meu filho nåo gostar de mim?
Terei que queimar meus livros já escritos e só escrever outro quando fizer outro filho e plantar outra árvore?

Ou será que estou divagando demais e nem minha mãe daqui a uns 10 anos lembrará que eu escrevia quando jovem?
Será que escreverei aquele livro que mofará na prateleira de uma biblioteca sem que ninguém o tenha lido?
É, talvez minha mãe leia ou meu melhor amigo,
mesmo que seja só pra dar um sorrizinho de canto de boca e dizer:
=Legal...rsrsrs

Penso que pode ser tudo isso
e pode não ser nada.
Pode ser que apenas nenhuma editora queira publicar?
E assim sendo eu tenha que fazer aqueles livrinhos caseiros que os cabeludos vendem em centros culturais.

Será que o falo em meus poemas fazem sentido?
Será que alguém se identificará com minhas angústias?
Se não também, QUE SE FODA, eu só escrevo pra aliviar as tensões que são minhas e são de direito!!
Será que vale a pena escrever um livro de tensões?
Que nome teria?
Ah!! Não sei...

Descarrego

Foi assim,
quando as luzes estouraram no céu
ensurdecendo a todos e espantando os seres que preferem a sombra.
Foi assim,
no tempo nada mudou ,
mas nós continuamos a esperar mais.
Foi assim,
como quando lavei minha alma
quando tudo que parecia ser calma voltou a me confundir.
Foi assim,
o novo chegou e eu já sabia que chegaria,
mas me surpreendi como em toda evolução.
E foi assim,
tirei a mochila das costas
e fui correndo dar um abraço no mar.