sexta-feira, 25 de julho de 2008

Enquanto isso na cama...

Tragado, eu, cigarro em sua boca...espero o bafejar da fumaça que me dissipará na atmosfera perfumada de nosso amor!!!

...


segunda-feira, 21 de julho de 2008

Já era...

Ia explodir, e por ser passado não o fiz
Ia ser feliz, e por não ser não o fui
Ia te amar, e por não ter não amei
Ia e ia e não, sei lá, talvez, sempre!!
Ia ser livre, mas a prisão era maior que a liberdade
De tanto não ser, resolvi me ter, pra mim
na amplitude do caos que sou...

segunda-feira, 14 de julho de 2008

A terra de Ciço

Ciço chegou em casa aquele dia com a olhos vermelhos,
de tanta raiva. Em sua mão as marcas, em sua roupa impregnado
o cheiro da tinta impossibilitava esconder de sua mãe o acontecido.
Havéra se envolvido em briga mais uma vez e mais uma vez sua mãe teria de ir à escola, explicar que o garoto é meio complicado, que esta se adaptando ao cotidiano da cidade grande, que isso não ia mais acontecer.
Haveria de ouvir mais uma vez dos lábios cansados de sua velha mãe:
"-Meu fio não fais mais isso, foi uma bataia conseguí essa vaga procê se eu não désse a sorte de fazê fachina na casa da inspetora, ocê taria na fila de espera inté agora, me ajuda..."
Ficaria com remorso e com raiva ao mesmo tempo. No fundo o que Ciço queria mesmo é não ter que ir pra escola, nunca mais, queria ficar observando as formigas andando em fila no tronco do pé de amora, queria ficar jogando bola na rua, descalço no chão de terra batida, a poeira seca e o bafo quente do chão, que é a única coisa do bairro novo que lembra o lugar onde morava, sente falta do lugar onde o nome Ciço é bonito é reverência ao santo padroeiro de sua cidade, nome dado por seu pai que ainda estava lá, esperando a vida melhorar pra buscar a família. Não teria arrumado "treta" como dizem aqui, se as outras crianças como ele respeitassem seu nome, mas agora já foi.
Na hora que o Otávio com tom debochado disse no meio da aula de artes: -Ciço? Isso é nome de gente? E ainda por cima riu, gerando uma onda de gargalhadas, até a Júlia sorriu tentou disfarçar mais riu. Na hora ele não pensou duas vezes, a professora até tentou interromper o furdunço, mas já era tarde, Ciço jogou a tinta na cara do Ótavio que veio feito uma maluco pra cima dele, separaram antes de qualquer troca de socos, e a professora por mais que entendesse Ciço, teve que levá-lo também pra sala da diretora. Aí já viu, explicações e explicações que resultam sempre em penalidade pra todos envolvidos, sem critérios de justiça, sem nada...Pensava não merecer suspensão, mas de pensar morreu um boi e de onde Ciço vem boi morto é sinal de perigo e pra que não carecesse de passar necessidade decidiu não mais pensar, aí a estranheza da situação, pois se a escola serve pra fazer pensar, por que ir pro abatedouro?
Queria ser invisível pra entrar em casa e não ser visto pela mãe, mas talvez fosse pior ela ia achar que ele tinha sumido, ia ficar triste, não!! Isso não pode, não ia deixar ela triste mais uma vez, pensou em voltar à escola, pedir desculpa pro Otávio, pra professora, pra todo mundo, engolir o orgulho e pedir que esquecessem o fato...pensou bem...e percebeu que isso seria um sonho, não daria certo, a diretora não cancelaria a suspensão, assim sendo, ergueu a cabeça e rumou pra sala onde encontrava-se a mãe, ela teria de entender, todos podiam não entende-lo, porém ele sabia, ela entenderia, ficaria um pouco chateada, mas entenderia.
Chegou na sala, sua mãe de costas assistia Tv, foi aproximando-se devagar e antes de chamá-la fez uma promessa pra si mesmo, se ela não ficasse triste estudaria muito pra ser um grande artista como sua professora, enfim tocou o ombro dela que virou-se pra ele com um grande sorriso e antes que pudesse ele falar qualquer coisa disse: -Vamô voltá pra nossa terra fio!!! Vamô voltá, seu pai arrumô um Siviço na fábrica de algodão e agente não vai mais precisá fica em Sum Paulo...
Um abraço forte e os olhos de Ciço brilharam, em sua cabeça agora só a imaginação dos quadros que pintaria vendo as paisagens do seu lugar e as lembrança dos cabelos de Júlia, o pátio do colégio, o pé de amora...A cidade ficaria pra traz, mas na memória levaria beleza e não brigas.

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Chocolate, meio, amargo...

No caminho de desencontros que seguimos,
nossas sombras vivem se esbarrando.
Meio caminho certo seria o suficiente pra dar de cara contigo,
num abrigo seguro e sem luz,
onde só nossos olhos iluminem o momento,
onde nossas sombras encontrem-se impossibilitadas de se tocar,
mas nossos corpos, livres,
entreguem-se por inteiro a nossa paixão velada
Sinto minh'alma transbordando
a cada instante de proximidade.
Meio lábio sela a despedida
e a noite demora mais pra passar.
Meia noite nossa,
noite que traz o sonho
único lugar onde juntos podemos estar
no meio da rua
num abraço incandecente pela eternidade.
Ohhh negra...
Um dia me livro das amarras morais, da falta de corajem
e te pego de frente, no meio do mundo,
nem que seja pra te dar um último beijo
e te guardar no meio de mim...

Conto de foda

-Mamãe, mamãe!!! O que é FODA?
-Por que a pergunta minha filha?
-Eu ouvi na música do MC Cabrero: "Chega mais tigrona, cola aí querida, vou te dar a melhor foda que já viu na sua vida". É um presente mamãe?
-Pode sê filha, se for dada com carinho, com amor pode sê...
-E como é?
-É do jeito que você quisé e do jeito que a outra pessoa gostá, o importante é tá seguro e se senti bem...
-Que coisa estranha, explica melhó?
-Um abraço pode sê foda filha, um beijo pode sê foda, andá de bicicleta pode sê foda...Depende só de gostá muito de quem te presenteia.
-Nossa o MC Cabrero devia gostá bastante da moça que ele fez a música né mãe?! Ele fala que qué dá pra ela a melhó foda da vida dela...
-É filha, mas você só tem 7 ano é melhó você só dançá a música, sem querer sabê tanto da letra, dançá com bastante diversão, dançá de brincadeira, como quem brinca de boneca, solta pipa, roda pião, só dançá filha, só dançá...
- Tá bom mãe, pode deixá eu só vô dá foda pra quem eu achá que realmente merece...

A noite que você me deu

Sei...lá onde moram as estrelas há agora um pequeno vazio.
Lá onde o tempo esqueceusse de existir, alguém agarrado nos meus sonhos caiu
e onde seu corpo tocou a terra a vida emergiu desesperada, como resgatada de um afogamento.
E fez florecer jardins em desertos, coloriu em carmim a realidade cimentada, num beijo inflamou a alma e entregou em paixão toda a compreenssão do mundo.
Num segundo transformou a calmaria do ser em turbulenta e libertina necessidade de ti.