segunda-feira, 7 de outubro de 2019

As crianças já não querem balas!

E foi a Ágatha,
antes tinha ido o Kauan,
depois o Kaue,
dia desses passado outro Kauã, esse do Rosário,
não deu tempo de fazer prece,
deus não chegou no horário.
Noutra manhã foi o Diogo,
E um mês atrás foi a Jeniffer Gomes
E tantos outros nomes infelizmente ainda irão
crianças pobres, pretas...
que pra eles não valem um tostão!
E sabe o que é pior?
Não foram as crianças que inventaram a guerra
Não foram não!
No vão dessa inconsciência resplandece o breu!
Eu acendi uma vela,
Vanessa incendiou um pneu,
Cristovão ateou fogo no colchão
e Raquel deu sua contribuição
pra enorme fogueira da rua
antes dela mesma deixar-se ir também
Num banzo ancestral,
numa tristeza sem amém.
O mais medonho
é que não adianta apelar pra sensibilidade das pedras
Na frieza nem conseguem imaginar
que poderia ser talvez o filho delas
Afinal as balam perdidas tem endereço
os sonhos soterrados tem um propósito
e o futuro esfarelado tem sempre um preço!
É chegada a hora de irmos com eles,
a hora de enfrentar essa paz miserável
ainda que nos custe a vida
não dá mais pra achar isso tudo aceitável!