quinta-feira, 24 de abril de 2008

Feito outros pra um

À partir deste ponto já não cabe mais perguntar
"à que ponto chegamos?"
Mas vale entender no que nos transformamos
e daqui pro futuro pra onde vamos
Almejo tuas terras em bucólica temperança,
mas em nostálgica esperança apresenta-te pra mim
no fulgor cotidiano da rotina
jás nossa paixão putrefata
e agora sexo em qualquer estância é necrofilia
com pitadas do que fomos
e um bizarro prazer.
O que esperavamos não aconteceu
e feito outros pra um
vivemos enfermos adorando a criação
que é o que de mais belo já fizemos
e enquanto esperamos o retorno de vênus,
sonho com o dia em que nosso amor feito fênix
re-existirá.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Quem déra

Quem me déra um dia,
ter a rebeldia de um fã do rebeldes
ou a alegria de um trabalhador ao meio dia
na fila do bandeijão.

Quem déra viver a emoção de um domingo no Faustão
ou ainda ter a compaixão de quem é explorado
e se rende a migalha do patrão.

Quem me déra ter a liberdade de um escravo em auforria
e a determinação que guia
um fiel pra universal.

Quem me déra ser o galã do comercial
ou um jogador de futebol
ter uma modelo gostosa, um nike shox e um landal...

Quem me déra um dia,
depois de tanto não ser
morrer apoiado na guia
com a minha pobresa e a minha agônia!!

Qué pagá quanto?

...e o paga sapo pagava, pagava,
pagava até bem, mas já tava faltando sapo.
Ele babava, mas já tava faltando saco...

Ele falava muito
e era um papo que não rendia,
nem pro ego, nem pra massa,
nem filosofia, nem cachaça, era fraco...

e por não poder matar dragões engolia sapos.
Era chato e não percebia,
não sabia o que era e então sorria
falsamente de algo que só ele entendia.

Nada espontâneo ele fazia frases feitas,
seguia seitas, se benzia, no terreiro e na universal
Ouvia todo tido de música e dizia ser eclético,
não tinha opinião, ora, não tinha cérebro,
fazia cara de mal e exibia o corpo atlético.

Enfim, era tudo que eu não gostava
e eu ainda lhe ofereci esse poema,
não que isso seja algum problema,
não faço elogio,
mas pode parecer que pago sapo,
quando estou pagando o pato...

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Memorando

Vive em mim cada momento, mesmo inconsciente,
mesmo que somente na pele como cicatriz,
cada futebol na rua, cada beijo escondido, cada amor ferido.

O primeiro emprego, o primeiro acorde no violão,
o primeiro por do sol...
vive e só morrerá comigo.

Os amigos, os sonhos, as dores
são e foram elementos vitais
e no mais sou o que posso,
desde que acordei e
não pude mais ser criança.

Já não estavam ao meu lado
Gilberto, Jú, Bruno, Palitão...
O Tempo tratou de colocar
cada qual no seu caminho,

sem rancores só saudades
e por falar em saudades,
por que não escrever novas estórias?
Por que não usar a memória contra um futuro nostálgico e sem cor?

Precisamos urgentemente dividir nossas humanidades,
quero reviver vivendo de novo,
novas angústias, novas felicidades.
Faz falta na nossa falta o pedaço de bolo delicioso
que deixamos de comer juntos.

Agora tomo cerveja com quem ficou,
tomo banho de mar com quem resistiu ao tempo
e prefere lavar a alma ao lacrimejar os olhos.

Saiba tenho novas verdades, novos quereres,
mas ainda tenho muito do que fui,
apesar de saber que amanhã terei mudado,
por isso amigo, venha hoje!!!
E não se esqueça de trazer o passado...



dedico estas mal traçadas linhas à André Luis Pereira,
meu irmão, aquele que sempre resistirá ao tempo,
longa vida amigo!!