sábado, 24 de dezembro de 2011

Anti corpos

Ante ao corpo, saquei...
Sacripantas são os poetas que te atravessaram a vida,
pois fizeram dele avenida para os prazeres mesquinhos

Hoje pago a chaga, e tento feito louco arrancar-lhe os espinhos,
mas parece que nem prece nem vinho lhe curam as dores
nem meus excessos de amores abrem seus caminhos

Ante ao corpo fechado, anticorpos e abraços cruzados
credo na essência, crianças no pátio, corações partidos...
Ante o real, um cruzado novo e novos sentidos!

sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Conversando com o espelho

Olhando pro espelho pensou "Nosso amor está flácido!"
O espelho imóvel nada respondeu...
Numa análise mais aprofundada disse: Nosso amor envelheceu!
Olhando nos olhos o espelho refletiu:

O que esperava? Nada é eternamente a mesma coisa,
essa insistência adolescente em querer congelar as formas,
te impede de viver a beleza do novo momento, essa eterna nostalgia,
esse medo em ver as coisas passando por ti não te permite apreciar o tempo!

Louco de raiva com as palavras do espelho
ele o quebrou em estilhaços e teve sete anos de azar
seguiu assim até que um novo alguém o possibilitou amar.

E sete anos depois observou a ferrugem do espelho e constatou:
Nosso amor envelheceu de novo!

sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

Elementos para uma filosofia do amor (parte 4)

"O amor que eu te tenho é um afeto tão novo,
que não deveria se chamar amor...
Poderia se chamar nuvem,
por que muda de formato a cada instante,
poderia se chamar tempo,
por que parece um filme que eu nunca assisti antes...
Poderia se chamar silêncio,
pois minha dor é calada e meu desejo é mudo,
poderia simplesmente não se chamar,
para não significar nada e dar sentido a tudo..."
(Paulinho Moska)


A idéia sobre o que é o amor vem sendo historicamente deturpada, pelos que armados com a razão tentam esquizofrênicamente construir um conceito concreto sobre algo tão subjetivo, tentam transformar num monólito o que é vento, e como todo bom vento vale mais sentir que explicar.
Ao meu ver existe uma ambigüidade essêncial em torno da idéia de amor, embasada em torno de 2 elementos fundamentais: A idéia de amor como construção e a idéia de amor como desconstrução. Na primeira lógica entende-se o amor como um estágio de um processo vivido por indivíduos irmanados por sentimentos de carinho e respeito e que por sua vez, decidem viver juntos. Já a outra idéia está mais ligada ao que se conhece por paixão, algo que nos tira a consciência, que nos faz rever conceitos, nos apresenta um mundo novo, nos envaidece e desconforta. É como se houvesse uma face Apolínica e outra dionizíaca congregadas numa mesma cabeça.
Entendendo esses conceitos como complementares e não opostos podemos ampliar as possibilidades de interpretação e de locação dessa idéia em nossas vidas. Pois nesse sentido amar torna-se um exercício involuntário, que torna nosso subconsciente inteligente. O que o desloca dos sentimentos tristes que se confundem com o mesmo, como o sentimento de propriedade, avareza e pequenez que circundam as novelas, os romances de auto ajuda. O amor é dolorido e belo, pois é o aprendizado da convivência com o desconhecido, é aprender a caminhar em nuvens, enfim, é a harmonização entre a construção e a desconstrução.
É por isso que a dificuldade de lidar com a história do outro é por muitas vezes um problema, por muitas vezes acabamos com possibilidades maravilhosas de vivênciar o amor com alguém, pois queremos negar que a pessoa teve outros amores antes de nós, queremos acumular o amor do outro em nós, sem perceber que isso seria impossivel, já que os seres humanos tem uma capacidade tão infinita de amar que não há corpo ou espirito que conseguiria reter todo amor que o outro pode proporcionar. O amor é a face de deus em nós, o amor é deus em si, e perante essa grandeza somos tudo e nada. Partilhamos a criação sem ter dimensão do tamanho. Pois o amor é uma constância que não pode ser dissolvida, que não pode ser mensurada. A dificuldade está em perceber que a violência é um pedido de socorro, e que a quietude é uma bomba relógio e tudo isso esta contido no amor.
Logo cada estória vivida com alguém é fundamental e inseparável, sem é claro, pressupor uma barreira que impede a vivência de novas relações, é sim um repertório que te permite desenvolver e praticar cada vez melhor o maior sentimento do mundo.

domingo, 4 de dezembro de 2011

D`efeito

Idiossincraticamente te imaginei descolada do mundo
um erro profundo profícuo ao desespero
com esmero te criei a meu gosto
e esquecendo que tinha sua própria história
acreditava edificar em seu concreto
um universo repleto de glória,
mas minhas novidades simplórias como um oásis
só revelavam as fases da minha vida pictórica
Ai então cansado de te fazer o que não era
libertei-te de mim, essa fera
e passei a admirar a beleza da imperfeição que nos banhava
e assim pude compreender a coisa que mais nos combinava
o defeito.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Sentido

Entre a carne e o osso existe um foço dividindo
os que sentem a morte e os que morrem sentindo
O coração bomba a verdade
e a mente segue mentindo
Em cada pessoa uma busca
em cada voz um caminho
sangue nas veias, um gole de vinho
Eu...
só sei que prefiro viver sonhando
que morrer dormindo