segunda-feira, 7 de outubro de 2019

As crianças já não querem balas!

E foi a Ágatha,
antes tinha ido o Kauan,
depois o Kaue,
dia desses passado outro Kauã, esse do Rosário,
não deu tempo de fazer prece,
deus não chegou no horário.
Noutra manhã foi o Diogo,
E um mês atrás foi a Jeniffer Gomes
E tantos outros nomes infelizmente ainda irão
crianças pobres, pretas...
que pra eles não valem um tostão!
E sabe o que é pior?
Não foram as crianças que inventaram a guerra
Não foram não!
No vão dessa inconsciência resplandece o breu!
Eu acendi uma vela,
Vanessa incendiou um pneu,
Cristovão ateou fogo no colchão
e Raquel deu sua contribuição
pra enorme fogueira da rua
antes dela mesma deixar-se ir também
Num banzo ancestral,
numa tristeza sem amém.
O mais medonho
é que não adianta apelar pra sensibilidade das pedras
Na frieza nem conseguem imaginar
que poderia ser talvez o filho delas
Afinal as balam perdidas tem endereço
os sonhos soterrados tem um propósito
e o futuro esfarelado tem sempre um preço!
É chegada a hora de irmos com eles,
a hora de enfrentar essa paz miserável
ainda que nos custe a vida
não dá mais pra achar isso tudo aceitável!

sexta-feira, 28 de junho de 2019

Herança

Com a tinta de mainha
painho pintou a minha pele
numa cor muito bonita
um tanto mais escura que a dele
Com as mãos de painho
mainha fez brotar música nos nossos caminho
e desde então nossas alma nunca mais se entristecero
E foi a garra de voinha que inspirou
tanto mainha, como painho a
serem criativos nos dias de escassez
e desde então ninguém mais fez
promessa contra a fome
com as luz dos zói das minhas cria
eu iluminei a estrada
e trilhei um rumo de alegria
onde eu nunca estivesse sozinho
com o amor da companheira
fortaleci a envergadura
e desarmei a armadura
pra aninhar os passarinho
E com as asas do coração
eu voei baixinho
entre os espinho de roseira
e o algodão dos teus carinho
hoje eu sei que
o mundo é bem pequeno
quando nois tudo tamo perto,
assim bem juntinho....
Não há distância pro abraço
nem palavra sem padrinho!

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2019

QUEM SOMOS

A gente sabe das coisas e as vezes é tarde demais pra aproveitá-las, 
a gente sabe das valas e as vezes é cedo demais pra conhecê-las.
A gente quer ter espírito e as vezes é tarde demais pra acender velas.
A gente quer ir além das querelas, mas não consegue desapegar das migalhas.
A gente quer que o barco vá, mas não estende suas velas.
A gente quer voar, mas não espera amadurecer as asas.
A gente quer ver além, mas só vê as vielas,
a gente quer ser bem mais, mas só nos vêem favelas.
A gente não quer se esquecer, mas também não quer só estar nela.
A gente só quer ser só gente, como quem sente e não revela.
A gente seria mais gente, se nos reconhecessem mais belas.
Gente, sem rédia, sem pente, sem remédio, sem lente,
gente que só por ser gente, já bastasse o respeito,
já valesse a semente!