segunda-feira, 16 de junho de 2014

Aguado

Quis beber o mar,
por um instante imaginei
que debaixo da manta de espuma poderia te encontrar
numa prosa boa trançando os cabelos de Iemanjá

Quis beber o rio,
mas desisti do desvario
e quis ser canoa
em suas águas a deslizar
meu norte tua proa

Quis beber a chuva,
num pequeno momento no tempo
fui a gota paridera
se embrenhando no chão rachado da saudade
e fiz brotar em verde sua imagem,
seu sorriso...

Sentir a seca da tua falta me rasgando a terra
me fez querer beber toda água do mundo,
mas lá fundo, bem lá no fundo eu já sabia
que nenhum um açude me traria
a água doce dos teus beijos