terça-feira, 29 de junho de 2010

Dilema

Na encruzilhada do Mac Donalds
uma marmita de feijoda repousa como um ebó

E eu, sigo só... Observando a mandinga da sociedade industrial

Eu e minhas lumbrigas 
travando as famélicas brigas do estômago cultural

O poema traz o dilema, 
mas não preenche o vazio

Abemos chester,
pois de certo o problema esta no cio! 


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Miserável

Hoje dei o ar de minha desgraça,

Pra que a sua graça pudesse ser mais viva…

Frente à frente minha miséria e sua fraternidade, 

minha maldição e sua vaidade. 

Me desculpe se não sou o que você previa.

Eu só quero não ser esse poço de bondade 

onde mora a cobra esguia.

Vivo assim, 

contrastando minha palidez ao seu vermelho.

Sou seu espelho inverso, 

derramando versos no transbordar da agônia.

Existo pra que seu ego, possa se inflar.

Na derradeira hora em que me salvas à beira do abismo

Sou esse sofista errôneo injetando dúvida 

no seus hormônios marxistas.

Sou a brasa acesa do cigarro queimando o tempo 

num cata-vento de fumaça.

Fique tranquilo, amigo…

a minha dor um dia passa!

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Enigma-Palavra

Meu adverso está contido
em grandes parágrafos de luta

e o resultado é um estribilho
marcado pela dor e pela alegria

Frases de melodia atonal
são elementos do jogral que invento
contra a gramática européia

A identidade do poema
traz na derme o dilema cultural
a filosófica onomatopéia

Pois nem sei quem mais sou
na equação viciada:
Negro-índio-Carapálida

A retórica intrínseca vem como ingua
e denuncia no grito
a malandragem da língua

No meu dialeto a verdade como interrogação:
-Tudo que é desvendado não exclui
a possibilidade da ilusão!

Mais de novo do mesmo velho

Em uma só voz nossos cantos
quantos de nós como tantos,
outros dos mesmos somos,
mas não somamos,
pois limitamos nossos campos,
perspectivas...
quem vende a venda que compramos pra tapar os olhos?
Quem foge a mira?
Por que fingimos não ver?
No senso comum o sonho é de graça,
mas quase sempre é tão caro, é tão raro!
O real é mais fácil
ainda que nada confortável
o desprazer é constante
mesmo que insuportável...não?