segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Meia noite

Às vezes eu tenho a impressão de poder tudo!
Faço poemas, escrevo teorias, interpreto peças, vou até a lua...
Mas ao mesmo tempo quando olho pra rua, nas coberturas dos bares
os mesmos homens sem lares,
as mesmas feridas sociais incicatrizáveis.
Percebo que tudo que eu queria
era que aquele cara não mais passasse fome,
mas isso que se resolve aparentemente tão facilmente,
esse mal sem nome, esse grito estridente
é o redemoinho demente do insustentável.
Minha poesia não o tira da rua, minha teoria não resolve sua vida.
Eu tenho que chegar meia noite em casa
e quando passo na avenida, interpreto minha angústia,
divagando sobre a questão mal resolvida.
Faria muito mais, se não tivesse que chegar meia noite em casa!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Pra que a doçura não me cegue

Nos sarcófagos d`alma meus demônios nunca dormem
sempre abraçados a minha sinceridade, riem das feridas alheias,
cospem nas seias dos patrões.
São esses diabos moradores do céu da minha boca
os vomitadores das falas pesadas que amassetam corações,
são os vilões da sociabilidade,
aqueles que amam a dor e doem de tanto amar.
Flores que a esperança esqueceu-se de murchar
no outono da existência.
Os portadores do meu mal necessário
alegorias da demência.
São esses em mim as pombas giras da visão,
pra que na alvorada da paixão
a doçura não me cegue!