segunda-feira, 27 de outubro de 2008

O tempo que passou

O tempo que passou me deixou sem tempo
e correr atrás de mim mesmo passou à ser meu tormento
meu passa-tempo predileto "o retransfigurar-se",
"o recontextualizar-se", "o me ser de novo".

Nessa busca separo-me:
-Um pra cada lado!! Vai, vai!!
Trago-me à força muitas vezes,
reabro cicatrizes,
sigo numa pilhagem
que ao mesmo tempo suja e purifica.

Um cata-vento ao avesso, trazendo de volta tudo que perdi
tudo que o tempo me roubou...
Quero de volta mesmo que não mereça, mesmo que não precise,
quero acumular-me em mim, pra me refazer, me reconhecer.

Envelhecendo no processo de compreender-me à fundo
vou a todo segundo redescobrindo-me e desaparecendo
pra depois de tudo abraçar a morte e viver-me
deixando que meu crepúsculo encante a aurora do dia seguinte.

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

Emergências e Mergulhos

Meu corpo pede socorro:
-É realidade demais!!!!
Preciso então de um mergulho,
saliva na boca dos sonhos emergência de viver
em outro plano, outra estância...
Na errância dos caminhos, um gole de vinho,
um momento na fresta do existir, entrega!!
Palavras distorcidas, brisas sopradas pelo lábio ancestral
um ritual de despejo,
deixar a alma sentir o prazer do pensar,
deixar o pensar sublimar ao toque da alma,
deixar a calma se misturar com a euforia,
pedir auforria pra razão
para que assim então os significados possam tornar-se maiores.
Lavando de um todo as veias fechadas
com a enchurrada do sangue que dilata sem pedir licença
a arte combustiva emana dos poros
em melodias, letras, filosofias, imagens e confusões
seiva maldita, suor que constroi um mar
onde eu sempre contra a corrente emerjo
e renovado volto à sobrevivência.