terça-feira, 21 de setembro de 2010

Licença poética

Foi assim... eu não queria, mas...
foi à força na covardia

algo foi se espalhando em minha essência
e eu já nem sabia, quem eu era, o que queria

Foram sendo sopradas palavras em minha mente
e eu somente decidi, não as guardaria!

Aos poucos fui domando esse novo eu 
que fui me transformando, 

fui pegando do caminho o conhecimento que entulhava 
em minha cabeça e nunca usava

Aprendi a jogar fora o peso do embornal
com elegância e sem dar lição de moral

Assumi que gosto da rima e não da pobreza
e fiz dos meus textos o escárnio da avareza

ainda que as vezes em crise de identidade
pense estar perdido...

Continuo a encontra-la nos corredores 
quando passo em direção ao sono

com sutileza cheiro os seus cabelos e digo com alegria:
-Licença poesia, licença...  

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

Conversando com Deus

Meu deus me diga por que não consigo parar de ouvir Sérgio Sampaio?!

Por que fico louco quando escuto Jards Macalé?

Como pode alguém ser tão fã de Bartô Galeno e Rage Against?

Me explica por que sinto vontade de tirar a roupa e sair correndo pela rua quando ouso Edith Piaf?

Onde já se viu achar Gessinger melhor que Buarque?

Por que acho a poesia de Raul mais filosófica que Marx, Nietzche e Jung juntos? 

Me responde Deus, quem no mundo consegue misturar melhor Ritmo e pensamento que Alceu Valença?  

Por que pai, não vou ouvir um som e tomar um vinho ao invés de ficar aqui achando que você vai me responder essas perguntas?

Puxa uma cadeira aí vai, acho que vou ouvir Jethro Tull, 
o que acha? Quer um copo? 

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Garrote














Adentro as tormentas e vago,
devagar e sem pudor dispo-me dos sonhos
e espero recalcado o chacoalhão do despertar

Insitando exitações 
seus olhares me buscam para além das paredes
lúgubres marcas talhadas no corpo
minha seca e suas sedes

Unge as narinas o cheiro tenro
das vaginas da infância
onde bebi o suco da emancipação

Sorver de teus sabores é a meta,
livrai-me destino das setas o caminho prescrito
Quero mais é caminhar como poeta 
num fraseado curto e bonito


Patifaria

Tem coisas que eu sei...
Paty faria, mas eu não!
É questão de classe, 
ela é Paty e eu João.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Com tato

Pus?

Sinto muito Jesus, 
mas foi você que pediu pra carregar essa cruz

E não me venha dizer: 
Perdoe-os senhor, eles não sabem o que fazem!

Pois eu sei bem dos risco que corro, sei deveras
o quanto morro a cada dia.

Sei das falézias da agônia e dos bosques da felicidade
com tato, com verdade... Por que busquei tudo isso.

E ainda assim não lhe roguei pragas!
Segui sozinho em meu caminho de chagas

Pois é, saiba que cada um germina o que quer
amor, loucura, doença e prazer.

Você não fez jus a caminhada,
pelo contrário essa criança mimada
carregando essa cruz pesada.

Olhe pra você, 
perceba o tamanho da raíz quadrada
perceba o mundo inteiro te querendo 
a pessoa mais amada.

Vai, desintoxica-te dessa dor
para com todo esse sacrificio,
deixa de ser cego, 
não vês que tu é quem sustenta esses pregos?

sábado, 24 de julho de 2010

Lamento passado

Pela fresta do muro dos fatos mirava
pelas pontes do futuro não alcançava,

mas o que procurava?

Procurava mulheres como estrelas,
possuia as miragens pensando te-las
e as guardava em minhas celas
procurando resquícios de mim em suas telas...

Paisagens pintadas no suor de minha aquarela

Pois eu, o errante navegador das constelações,
comia os corações vazios e vomitava amores 
dentre as milhões de flores astrais

Eu procurava em águas razas oceanos abissais...
Procurava!

Já não procuro mais

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Rosa de Chumbo

Essa rosa de chumbo…

assim, singela e perigosa, essa rosa sou eu.

Essa beleza forte, sem rumo sem norte

É tudo que me compõe

 

Frágeis petálas duras e suas memorias escuras

Remetem sonhos e loucuras de outros tempos

 

Rosa viva, embebida no orvalho

das lágrimas derramadas por um coração maior que o peito.

 

Flor que enfeita os feitos do passado e do presente

Adorno de Guerra semente da estória

Primavera da mente, componente da terra.

 

Rosa do agora na aurora do mundo

Botão nascido do chumbo, no limbo e na lua

Avermelhando as ruas no rubro do amor

 

Deflorando consciências pelos becos da cidade

Sugando seivas de solos ricos em verdade

Clamando os sentimentos fertilizantes

Que alimentam as almas dos amantes

 

Essa rosa sou eu!