Tive 17 anos e fugi de casa
feito Natasha, com a vida em brasa,
fiz 18 e vi Boys dont Cry no cinema
fiquei pra além da classificação etária do sistema
os 19 passaram rápido, já fervido
tentava desacelerar a inércia do caminho que já tinha percorrido
e vieram os 20, e mais mergulho e mais demente
Passaram 4 anos em 4 dias inconsequentes
dalí pra frente foram outros planos
diferentes daqueles dos 20 e poucos anos
fiz 25 anos de sonho de sangue e de América do sul
Já tinha filhos, já tinha livros,
e a árvore que plantei já riscava o céu azul
26 anos foi o tempo que levei pra reorganizar a vida
trabalho, faculdade, a arte e a família
nem esperava mais fiz 27 anos contrariando a estatística,
as sequelas não me faziam o mais saudável,
mas meu corpo não frequentou nenhum exame de balística
e vieram as crises dos 30, o saudosismo dos 40,
a redescoberta dos 50, o tratamento dos 60.
Aos 70 já era bisavó, meu neto já tinha fugido de casa aos 15
e meu filho era um empresário
Aos 80 veio a intolerância
e já não aturava qualquer conversa de otário
morri aos 90 e postumamente escrevo essas memórias num diário
fim
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
sábado, 28 de setembro de 2013
Amores Brutos
Te amo por suas marcas, físicas e psicológicas,
tua mão calejada, a sola grossa
Te amo assim, e por que não amaria?
Amo a cicatriz da sezária
e cada estria
que você ganhou para por os filhos no mundo
Amo tuas rugas e
seu olhar cansado e profundo
Te amo, por tua dureza
e por tua sensibilidade em demasia
amo os momentos de dor e os de extrema alegria
amo a nossa luta diária e o diário de agônias
Amo estar do seu lado, quando falta o feijão
e quando sobra pro outro dia
Amo o trabalho que te encarna
a mais forte mulher da terra
amo nossa calmaria e os intentos de guerra
Te amo sim, por tudo isso e sei lá por que...
posso até ver beleza em outras formas
mas é contigo que eu deliro
são seus caminhos esguios que eu domino
e percorro suas curvas e rochedos
como poucos já fizeram
Te amo por que assim como eu
tu nem sabes o que é o amor
se não a labuta afetuosa e o suor!
tua mão calejada, a sola grossa
Te amo assim, e por que não amaria?
Amo a cicatriz da sezária
e cada estria
que você ganhou para por os filhos no mundo
Amo tuas rugas e
seu olhar cansado e profundo
Te amo, por tua dureza
e por tua sensibilidade em demasia
amo os momentos de dor e os de extrema alegria
amo a nossa luta diária e o diário de agônias
Amo estar do seu lado, quando falta o feijão
e quando sobra pro outro dia
Amo o trabalho que te encarna
a mais forte mulher da terra
amo nossa calmaria e os intentos de guerra
Te amo sim, por tudo isso e sei lá por que...
posso até ver beleza em outras formas
mas é contigo que eu deliro
são seus caminhos esguios que eu domino
e percorro suas curvas e rochedos
como poucos já fizeram
Te amo por que assim como eu
tu nem sabes o que é o amor
se não a labuta afetuosa e o suor!
segunda-feira, 23 de setembro de 2013
Se a distância falasse
Ahh se a distância falasse...
Ahh meu amigo eu tenho certeza o que diria
ou melhor que canção lançaria ao vento
seria um rock nacional,
não sei qual, mas não seria um lamento
talvez alguma coisa com tchururutchurutchu no final...
Se a distância falasse sei que seria pouco,
tão pouco como a própria distância,
seria uma música que todos sabem cantar, mas não como nós!
seria tão simples que talvez nem fosse canção,
se pá um copo de cerveja, um aperto de mão,
quem sabe um puchão de orelha,
um choro baixinho com direito a riso no canto da boca
Talvez por tudo isso é que a distância seja muda
pois se não deixaria de ser distância pra ser comunicação
talvez por isso eu não a sinta,
ainda que minta a boca da saudade,
eu sei que você está sempre aqui
Ali quando me perguntam de você, ali quando falam de amizade
na esquina, na viela, no buteco, na risada...
no abraço cambaleante das noitadas e nas noites mal dormidas por doença
Eu também tô ai contigo, eu sei disso amigo!
aí onde o mar beija o asfalto,
ai onde o pé da criança dá os primeiros passos
onde o céu é mais profundo,
bem do lado, logo ali onde tudo pode virar música,
onde todas as mulheres merecem poesia,
mesmo que pra dizer adeus
Em suma, eu sei que a distância não pode com a gente
não que ela não tente, mas é que ela não pode com a nossa presença
Pois quando nosso presente olha pro passado, ele só vê futuro
e a distância vira ponte por onde passamos pra trilhar novas andanças
dedicado ao meu irmão, não o que hoje vive no Canadá,
mas sim o que faz Peruíbe parecer a China!
Ahh meu amigo eu tenho certeza o que diria
ou melhor que canção lançaria ao vento
seria um rock nacional,
não sei qual, mas não seria um lamento
talvez alguma coisa com tchururutchurutchu no final...
Se a distância falasse sei que seria pouco,
tão pouco como a própria distância,
seria uma música que todos sabem cantar, mas não como nós!
seria tão simples que talvez nem fosse canção,
se pá um copo de cerveja, um aperto de mão,
quem sabe um puchão de orelha,
um choro baixinho com direito a riso no canto da boca
Talvez por tudo isso é que a distância seja muda
pois se não deixaria de ser distância pra ser comunicação
talvez por isso eu não a sinta,
ainda que minta a boca da saudade,
eu sei que você está sempre aqui
Ali quando me perguntam de você, ali quando falam de amizade
na esquina, na viela, no buteco, na risada...
no abraço cambaleante das noitadas e nas noites mal dormidas por doença
Eu também tô ai contigo, eu sei disso amigo!
aí onde o mar beija o asfalto,
ai onde o pé da criança dá os primeiros passos
onde o céu é mais profundo,
bem do lado, logo ali onde tudo pode virar música,
onde todas as mulheres merecem poesia,
mesmo que pra dizer adeus
Em suma, eu sei que a distância não pode com a gente
não que ela não tente, mas é que ela não pode com a nossa presença
Pois quando nosso presente olha pro passado, ele só vê futuro
e a distância vira ponte por onde passamos pra trilhar novas andanças
dedicado ao meu irmão, não o que hoje vive no Canadá,
mas sim o que faz Peruíbe parecer a China!
sexta-feira, 6 de setembro de 2013
quinta-feira, 6 de junho de 2013
Antes que seja tarde
Uma sensação invade o dia,
agora é tarde, a voz dizia,
Mas em mim outra voz respondia:
Ainda é dia, deixa que a noite chega e traz a calmaria
Confuso, confesso, que só eclipse eu via
nem noite, nem dia
Tudo parecia estar em minhas mãos e escorria
tudo estava em minha frente e eu não percebia
Até que outra voz adentrou no diálogo pra romper a agonia
era o sol, que em seus braços a esperança trazia
Mergulhou-na num lago calmo em banho-maria
e me lembrou que realmente era dia...
dia de ter paz e navegar concentrado na correnteza que seguia,
a tarde chega, mas nunca é tarde pra contemplar o dia.
agora é tarde, a voz dizia,
Mas em mim outra voz respondia:
Ainda é dia, deixa que a noite chega e traz a calmaria
Confuso, confesso, que só eclipse eu via
nem noite, nem dia
Tudo parecia estar em minhas mãos e escorria
tudo estava em minha frente e eu não percebia
Até que outra voz adentrou no diálogo pra romper a agonia
era o sol, que em seus braços a esperança trazia
Mergulhou-na num lago calmo em banho-maria
e me lembrou que realmente era dia...
dia de ter paz e navegar concentrado na correnteza que seguia,
a tarde chega, mas nunca é tarde pra contemplar o dia.
quarta-feira, 22 de maio de 2013
O fogo
Ao redor das barricadas, na rua, praça de guerra
ele se projeta ao céu, fogo sobre os cães e os cães sobre a gente
ladram por de traz dos capacetes e seguem aguerridos
em nos marcar com seu cassete
nós devolvemos a ira, e lhes repassamos o fogo
pela boca da garrafa a tocha arde a sanha do povo
E em poucos instantes o cenário é o inferno
o fogo amigo, e o fogo do inimigo se irmanam
come as tábuas do barraco a centelha desvairada da grana
e ali chorramos lava do vulcão adormecido
que o ônibus lotado fingiu não ter visto,
que a sobra de comida esqueceu de alertar...
E nessa hora os cães empreendem fuga
e nós não temos pra onde fugir
Foi a casa, veio a ruga, foi a guerra, veio a luta
foi ilusão e ficou a tempestade
quando só restava fumaça, fui procurar a identidade
e nunca me encontrei
ele se projeta ao céu, fogo sobre os cães e os cães sobre a gente
ladram por de traz dos capacetes e seguem aguerridos
em nos marcar com seu cassete
nós devolvemos a ira, e lhes repassamos o fogo
pela boca da garrafa a tocha arde a sanha do povo
E em poucos instantes o cenário é o inferno
o fogo amigo, e o fogo do inimigo se irmanam
come as tábuas do barraco a centelha desvairada da grana
e ali chorramos lava do vulcão adormecido
que o ônibus lotado fingiu não ter visto,
que a sobra de comida esqueceu de alertar...
E nessa hora os cães empreendem fuga
e nós não temos pra onde fugir
Foi a casa, veio a ruga, foi a guerra, veio a luta
foi ilusão e ficou a tempestade
quando só restava fumaça, fui procurar a identidade
e nunca me encontrei
terça-feira, 14 de maio de 2013
Sísmico
Me abalo, cismo quando reencontro você
Sísmico me propago em suas curvas
tremo, temo o advento das ondas
Mergulho e me espalho em meio sonoro
e nos poros incorporo um novo tema
e o poema emerge da tormenta
para aliviar o sentimento que soca
A boca seca, e o medo se funde ao desvario
na nuca um arrepio te recorda
e acorda a terra inteira o terremoto
Desorganiza a estrutura tua presença em minha vida
e não permite fuga, de repente faz surpresa
e a presa afunda a carne crua
rendendo-se toda à sua beleza
Cínico cometo sempre a mesma proesa
de te erguer em mim, em prosa
pra encantar minha rudeza
Perenemente o vai e vem do mar
nos refazendo e destruindo
castelo de areia que arrebenta
com a força sangrenta do abalo sísmico
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