quinta-feira, 5 de junho de 2008

Ato fálico

Enquanto inebriada em sua vivacidade
sequer pensas em mim,
eu, extenuado ao sol do meio dia
curto atônito, o melancólico groove de frases distorcidas
composto sob medida
para o acalanto de minhas angústias...

Penso nas dores do mundo,
reflito sobre a falta de sentido,
sobre a falta de ciência...
Penso que em meio a minha demência
sua presença faz falta.

E a distância da realidade
fomentada pelas ondas sonoras da vitrola
remetem-me ao frescor de suas idéias,
a sensualidade de seu olhar.
Sinto leves arrepios
quando penso no contato febril
que teria minhas mãos sobre tua pele
percorrendo seu quadril.

Eu com minhas algemas
permito-me ao delírio de projetar em ti
a figura sublime que me levaria
por libidinosos caminhos de liberdade e prazer.

Porém, sou repentinamente emergido do sonho
por um risco no vinil,
que distraindo minha atenção repetia renitentemente:
"...seus lábios são labirintos, labirintos, labirintos..."
Fez assim emudecer as últimas palavras
que praticamente caíam de minha fala,
mas que tragadas em devaneio abrupto
não passam agora de memórias de um filosofalo.

Nenhum comentário: