segunda-feira, 25 de março de 2013

Só por um dia

Cansados desamores, mau falecidos já recebem flores
não te escondas de mim, já conheço teu jogo, teu fim
Sei que esqueces me lembrando, sei que me amas desprezando
Sei que sou assim, meio sem pé nem cabeça
mas saibas que só retiro umas coisas pra que o coração apareça
Por isso, vê se para de jogar, me deixa te livrar, te tornar livre no meu modo de amar!
Vambora fazer dos nossos corpos morada secreta de caricias veladas
vem sem farsa que eu te quero pelada
Desnuda de amarras, sem medo de alforria
livra-nos mesmo que só por um dia!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Nas entrelinhas da noite

Meianoitecendo versos em teus cabelos
meio florecendo sonhos em teus vãos
Meianoitecendo a lua pra estampar seus olhos
meia noite sem noção
Meio torta, mas sem tortura, só canção!

Meianoiteci ao seu lado
tecendo manhãs cantei de galo
Meio iluminado, meio no escuro
meio indo embora, meio ainda com você

Meianoitecido fiquei a vida toda depois de ti
o dia na cabeça, a noite no coração

Meianoitecido rasgado,
acabei te costurando na pele, na moralzinha
Pra que tu te reveles... nas entrelinhas

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Poemas e/ou mantras

A poesia é uma espécie de mantra
que repetimos na intenção de nos alinharmos
com as energias que profetizamos nas palavras
Nem sempre entendemos por completo o que foi escrito,
nem sempre somos o que escrevemos em primeira pessoa
É de fato um mantra quanto mais repetimos
mais próximos do que expressamos estaremos


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Uma desculpa pra acabar o mundo

Pralguns o pseudo fim do mundo teve um ar de liberdade,
uma desculpa pra se dar o direito de mudar de vida.

O zé motorista de ônibus por exemplo não foi trabalhar, pois depois de ouvir "O dia em que a terra parou" de Raul Seixas, imaginou que ninguém iria trabalhar também e assim sendo pensou: -Pô se o mundo vai acabar eu quero pelo menos estar com minha família!

O Claudio que tinha por ofício lixeiro, simplesmente abandonou o caminhão na rua no meio do trabalho e foi pra casa da mãe lhe dizer o quanto a amava.

Até a Alice que trabalhava no Paraíso, mas num trabalho que não tinha nada de mundo das maravilhas, decidiu que não atenderia nenhum cliente, afinal não queria correr o risco de passar o fim do mundo com um velho imundo lhe babando inteira, ficou em casa e assistiu o filme que mais gostava, não procurou sua família, pois já não tinha mais ninguém...

O porteiro seu Augusto, chamou seu patrão o sindico do prédio até a portaria e lhe deu um soco no meio da cara e depois de lhe cuspir a face disse: -Fica com seu prédio de bosta seu escroto, eu vou ser feliz! E antes que eu me esqueça negrinho imprestável é o caralho seu filho da puta!

Genival contou pra família inteira no jantar que era Gay e saiu pra dançar...

Maria a beata, saiu pelada pela rua e tomou banho no chafariz da praça com mais meia dúzia de muleques de rua que também gostaram da idéia.

Pra essas pessoas de fato o mundo acabou, pois depois dali novas pessoas se tornaram e a realidade nunca mais foi a mesma.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

No giro da ciranda

Lá estava ela...
No meio da ciranda, girando
e na goma de sua saia o mundo inteiro girava
as histórias dos amores passados, os verões, os medos...
Lá estava ele, nela, dona bela das saias rodadas
Entre as canções e os contos de fadas
Lá estavam eles, e o mundo já podia girar!


domingo, 25 de novembro de 2012

Lavanderia

Lá, onde se estendia pra secar, as roupas do patrão e a vida de Maria... Lá Vander ria, na lavanderia, onde o que o varal não dava conta a secadora fazia. Era ali, para Vander, o melhor lugar da moradia.
Pois ali ele podia dizer o que sentia, desabafava como num divã sua agonia, mas ela, Maria, não tinha diploma de psicologia. Ainda assim tinha na ponta da língua os melhores conselhos pro dia-a-dia, de Vander é claro, pois sua vida era sempre a mesma sina, da pia pro fogão, do fogão pra lavanderia.
Apesar da Pouca receita, Maria praticava o que dizia. Sua receita de vida era mais eficiente que a de muito graduado em filosofia.
Trabalhava, cuidava da casa e da família. E ainda tinha tempo prum arroxa no samba da Cotia. Vander só ouvia, pensava em sua vida e sorria. Imaginava como seria se pudesse levar o patrão pra curtir essa alegria, mas sabia que sua condição não possibilitaria, tinha apenas de esperar o amante, que entre as pernas trazia, sua carta de alforria.
Pensava, até quando agüentaria essa relação vazia? Vander tinha de tudo, mas não podia andar de mãos dadas com o homem que queria.
Vivia como Rapunzel à espera do príncipe, mas o mesmo não a salvaria. Só subia a torre pra tomar-lhe as carnes e depois descia.
Um amor em segredo, um romance que inexistia. Maria sentia pena e sempre lhe dizia:

-Dá um basta nessa história, lava a roupa suja minha fia!
Acaba de uma vez com o que te angustia...

Decreto

É obrigação da juventude romper padrões,
é obrigação da juventude ofertar flores aos canhões.

É obrigação dessa mesma juventude ser melhor que seus antepassados,
superar seus erros refazer o traçado.

É também obrigação desta juventude, ser rude com as leis
reinventar a liberdade!

E ainda mais, é obrigação de todo jovem rejeitar a verdade.
É obrigação da juventude amar e ser descrente, odiar e ter esperança.

Mas à cima de todos os decretos, a maior obrigação da juventude
é negar todas as obrigações, carregar vinganças e contradições...