Eu sobrevivi a noite dos malditos
de forma magistral
Descarreguei o peso do ano
lavando a alma com destilados e carburantes
me esquecendo e relembrando a cada instante
o gosto de algo novo,
mas já experimentado antes
aqueles como eu, os desgraçados!!
Aqueles que param o tempo e reinventam a felicidade
aqueles que ainda hoje arriscam um olhar sincero,
que ainda hoje abraçam sem medo
o corpo e o desespero...
Estes estão lá, como sempre
como já era previsto o imprevisível reencontro
com o passado ainda vivo.
O monstro do relógio não nos deterá!!
sexta-feira, 22 de agosto de 2008
quarta-feira, 20 de agosto de 2008
Banho Maria

Banha-te mulher, banha-te!
quero ver te embebida nas caudalosas águas abissais da liberdade.
Onde mentalidade moral nenhuma pode algemar-te.
Vai Maria sem medo, deixa que em liquefeito estado a vida flua
deixa Maria que só a lua te observe de cima,
que só teus pés testemunhem seu caminho
Banha-te Maria, no vinho da emancipação e na cachaça do cotidiano.
De-me Maria, o prazer de estar nos teus planos
por tempo determinado e na eternidade das sensações
quero te ver em fúria lutando com as armas que tem,
voando com asas próprias...
Mulher, quero-te tranquila quando solta,
quando com sua mentalidade sagás
em banho Maria envolta
siga pra onde a paz sempre existiu,
pra onde a guerra É AMOR!
quinta-feira, 7 de agosto de 2008
Virtualidade Real
Nos undergrounds mentais residem
a força e a inteligência miserável
que me constituem como ser.
Me esforço para acreditar na sapiência mendiga
que me aprova o existir.
Caminhando na noite tateando a realidade,
o perfume do asfalto, os pensares fugidios...
Os cães vadios que guardam meu instinto
instigam sensações que eu deveria
manter longe da reflexão.
Mas ouso a mistura, impura e lírica,
dos lixões da quebrada às fadas da lua.
a força e a inteligência miserável
que me constituem como ser.
Me esforço para acreditar na sapiência mendiga
que me aprova o existir.
Caminhando na noite tateando a realidade,
o perfume do asfalto, os pensares fugidios...
Os cães vadios que guardam meu instinto
instigam sensações que eu deveria
manter longe da reflexão.
Mas ouso a mistura, impura e lírica,
dos lixões da quebrada às fadas da lua.
sexta-feira, 25 de julho de 2008
Enquanto isso na cama...
Tragado, eu, cigarro em sua boca...espero o bafejar da fumaça que me dissipará na atmosfera perfumada de nosso amor!!!
segunda-feira, 21 de julho de 2008
Já era...
Ia explodir, e por ser passado não o fiz
Ia ser feliz, e por não ser não o fui
Ia te amar, e por não ter não amei
Ia e ia e não, sei lá, talvez, sempre!!
Ia ser livre, mas a prisão era maior que a liberdade
De tanto não ser, resolvi me ter, pra mim
na amplitude do caos que sou...
Ia ser feliz, e por não ser não o fui
Ia te amar, e por não ter não amei
Ia e ia e não, sei lá, talvez, sempre!!
Ia ser livre, mas a prisão era maior que a liberdade
De tanto não ser, resolvi me ter, pra mim
na amplitude do caos que sou...
segunda-feira, 14 de julho de 2008
A terra de Ciço
Ciço chegou em casa aquele dia com a olhos vermelhos,
de tanta raiva. Em sua mão as marcas, em sua roupa impregnado
o cheiro da tinta impossibilitava esconder de sua mãe o acontecido.
Havéra se envolvido em briga mais uma vez e mais uma vez sua mãe teria de ir à escola, explicar que o garoto é meio complicado, que esta se adaptando ao cotidiano da cidade grande, que isso não ia mais acontecer.
Haveria de ouvir mais uma vez dos lábios cansados de sua velha mãe:
"-Meu fio não fais mais isso, foi uma bataia conseguí essa vaga procê se eu não désse a sorte de fazê fachina na casa da inspetora, ocê taria na fila de espera inté agora, me ajuda..."
Ficaria com remorso e com raiva ao mesmo tempo. No fundo o que Ciço queria mesmo é não ter que ir pra escola, nunca mais, queria ficar observando as formigas andando em fila no tronco do pé de amora, queria ficar jogando bola na rua, descalço no chão de terra batida, a poeira seca e o bafo quente do chão, que é a única coisa do bairro novo que lembra o lugar onde morava, sente falta do lugar onde o nome Ciço é bonito é reverência ao santo padroeiro de sua cidade, nome dado por seu pai que ainda estava lá, esperando a vida melhorar pra buscar a família. Não teria arrumado "treta" como dizem aqui, se as outras crianças como ele respeitassem seu nome, mas agora já foi.
Na hora que o Otávio com tom debochado disse no meio da aula de artes: -Ciço? Isso é nome de gente? E ainda por cima riu, gerando uma onda de gargalhadas, até a Júlia sorriu tentou disfarçar mais riu. Na hora ele não pensou duas vezes, a professora até tentou interromper o furdunço, mas já era tarde, Ciço jogou a tinta na cara do Ótavio que veio feito uma maluco pra cima dele, separaram antes de qualquer troca de socos, e a professora por mais que entendesse Ciço, teve que levá-lo também pra sala da diretora. Aí já viu, explicações e explicações que resultam sempre em penalidade pra todos envolvidos, sem critérios de justiça, sem nada...Pensava não merecer suspensão, mas de pensar morreu um boi e de onde Ciço vem boi morto é sinal de perigo e pra que não carecesse de passar necessidade decidiu não mais pensar, aí a estranheza da situação, pois se a escola serve pra fazer pensar, por que ir pro abatedouro?
Queria ser invisível pra entrar em casa e não ser visto pela mãe, mas talvez fosse pior ela ia achar que ele tinha sumido, ia ficar triste, não!! Isso não pode, não ia deixar ela triste mais uma vez, pensou em voltar à escola, pedir desculpa pro Otávio, pra professora, pra todo mundo, engolir o orgulho e pedir que esquecessem o fato...pensou bem...e percebeu que isso seria um sonho, não daria certo, a diretora não cancelaria a suspensão, assim sendo, ergueu a cabeça e rumou pra sala onde encontrava-se a mãe, ela teria de entender, todos podiam não entende-lo, porém ele sabia, ela entenderia, ficaria um pouco chateada, mas entenderia.
Chegou na sala, sua mãe de costas assistia Tv, foi aproximando-se devagar e antes de chamá-la fez uma promessa pra si mesmo, se ela não ficasse triste estudaria muito pra ser um grande artista como sua professora, enfim tocou o ombro dela que virou-se pra ele com um grande sorriso e antes que pudesse ele falar qualquer coisa disse: -Vamô voltá pra nossa terra fio!!! Vamô voltá, seu pai arrumô um Siviço na fábrica de algodão e agente não vai mais precisá fica em Sum Paulo...
Um abraço forte e os olhos de Ciço brilharam, em sua cabeça agora só a imaginação dos quadros que pintaria vendo as paisagens do seu lugar e as lembrança dos cabelos de Júlia, o pátio do colégio, o pé de amora...A cidade ficaria pra traz, mas na memória levaria beleza e não brigas.
de tanta raiva. Em sua mão as marcas, em sua roupa impregnado
o cheiro da tinta impossibilitava esconder de sua mãe o acontecido.
Havéra se envolvido em briga mais uma vez e mais uma vez sua mãe teria de ir à escola, explicar que o garoto é meio complicado, que esta se adaptando ao cotidiano da cidade grande, que isso não ia mais acontecer.
Haveria de ouvir mais uma vez dos lábios cansados de sua velha mãe:
"-Meu fio não fais mais isso, foi uma bataia conseguí essa vaga procê se eu não désse a sorte de fazê fachina na casa da inspetora, ocê taria na fila de espera inté agora, me ajuda..."
Ficaria com remorso e com raiva ao mesmo tempo. No fundo o que Ciço queria mesmo é não ter que ir pra escola, nunca mais, queria ficar observando as formigas andando em fila no tronco do pé de amora, queria ficar jogando bola na rua, descalço no chão de terra batida, a poeira seca e o bafo quente do chão, que é a única coisa do bairro novo que lembra o lugar onde morava, sente falta do lugar onde o nome Ciço é bonito é reverência ao santo padroeiro de sua cidade, nome dado por seu pai que ainda estava lá, esperando a vida melhorar pra buscar a família. Não teria arrumado "treta" como dizem aqui, se as outras crianças como ele respeitassem seu nome, mas agora já foi.
Na hora que o Otávio com tom debochado disse no meio da aula de artes: -Ciço? Isso é nome de gente? E ainda por cima riu, gerando uma onda de gargalhadas, até a Júlia sorriu tentou disfarçar mais riu. Na hora ele não pensou duas vezes, a professora até tentou interromper o furdunço, mas já era tarde, Ciço jogou a tinta na cara do Ótavio que veio feito uma maluco pra cima dele, separaram antes de qualquer troca de socos, e a professora por mais que entendesse Ciço, teve que levá-lo também pra sala da diretora. Aí já viu, explicações e explicações que resultam sempre em penalidade pra todos envolvidos, sem critérios de justiça, sem nada...Pensava não merecer suspensão, mas de pensar morreu um boi e de onde Ciço vem boi morto é sinal de perigo e pra que não carecesse de passar necessidade decidiu não mais pensar, aí a estranheza da situação, pois se a escola serve pra fazer pensar, por que ir pro abatedouro?
Queria ser invisível pra entrar em casa e não ser visto pela mãe, mas talvez fosse pior ela ia achar que ele tinha sumido, ia ficar triste, não!! Isso não pode, não ia deixar ela triste mais uma vez, pensou em voltar à escola, pedir desculpa pro Otávio, pra professora, pra todo mundo, engolir o orgulho e pedir que esquecessem o fato...pensou bem...e percebeu que isso seria um sonho, não daria certo, a diretora não cancelaria a suspensão, assim sendo, ergueu a cabeça e rumou pra sala onde encontrava-se a mãe, ela teria de entender, todos podiam não entende-lo, porém ele sabia, ela entenderia, ficaria um pouco chateada, mas entenderia.
Chegou na sala, sua mãe de costas assistia Tv, foi aproximando-se devagar e antes de chamá-la fez uma promessa pra si mesmo, se ela não ficasse triste estudaria muito pra ser um grande artista como sua professora, enfim tocou o ombro dela que virou-se pra ele com um grande sorriso e antes que pudesse ele falar qualquer coisa disse: -Vamô voltá pra nossa terra fio!!! Vamô voltá, seu pai arrumô um Siviço na fábrica de algodão e agente não vai mais precisá fica em Sum Paulo...
Um abraço forte e os olhos de Ciço brilharam, em sua cabeça agora só a imaginação dos quadros que pintaria vendo as paisagens do seu lugar e as lembrança dos cabelos de Júlia, o pátio do colégio, o pé de amora...A cidade ficaria pra traz, mas na memória levaria beleza e não brigas.
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