sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Os degredados filhos de Omolú

Desculpem senhores, mas à nós foi dado a pele, sim a pele...
Essa carenagem de guerra protetora e pesada, a pele!

Aos embriagados da Sé, aos vendedores de bala de Santo Amaro,
aos meninos encarcerados da Vila Guilherme,
acredite,
resta como herança a epiderme!

Não peço que compreendam,
mas sou parte dessa corja que sente, ressente, que seca ao sol.

Sou destes tatuados pela vida, destes que carregam orgulhosos as chagas sofridas,
sou destes que assistem mudos atrás de seus escudos o massacre na avenida

Enquanto nos mini, ministérios, os nano micro homens sérios
erigem seus impérios sobre os escombros de nossa ignorância,
sou destes que bradam as desimportâncias...
Destes que falam de amor sem culpa,

Aliás, a culpa é da pele, essa casca dura que nunca cansa de apanhar.
Esse fator essencialmente maldito
que nos obriga a sentir demasiadamente, dramaticamente, poeticamente...

Peço que nos perdoem, mas esses como eu são um tanto quanto irracionais,
pois o sentir demais não nos permite aceitar as coisas logicamente.

Os homens das canetas que decidam nosso destino, à nós resta a sina, o desatino. Topamos esse sacrifício, pois pra nós basta sentir. Já vocês tem a necessidade ininteligível de dominar!

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