segunda-feira, 25 de abril de 2011

Elementos para um filosofia do amor (parte 2)

A paixão como estágio anterior à solidificação do amor é um universo onde a realidade é catalizada apenas por energias positivas, O que aparentemente deveria ser bom, mas é preciso ter cuidado. Essa interpretação do mundo através dos óculos da paixão impede por muitas vezes a visualizaçµão da humanidade do parceiro, é como se o espelho que reflete as essências envolvidas na relação estivesse embaçado e desta forma as imperfeições que todos os seres carregam são soterradas por um universo fantasioso. O primeiro contato em quase todas as relações é superficial e sempre ligado a qualidades estéticas e de retórica. É a mesma sensação que sente uma pessoa que tem de dar um depoimento para uma câmera, ela não se mostra como é, mas sim como quer que a vejam. Uma espécie de maquiagem estantânea da personalidade. Não que isso seja um problema, a questão não é uma análise de julgamento, mas revela como nos relacionamos com nossas máscaras e pouco com os seres humanos por trás das aparências e o mais engraçado é que na maioria das vezes é isso mesmo que buscamos, pessoas fantasiosas para relações de mentira.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Das vestes do tempo

Memória, essa semente crioula incubada,
incucada, inconsciente...

Mais que razão, algo que se sente,
vida imaterial em solo fértil, abstrato,
substrato, imaginário vivo.

matéria prima do presente
escultura sócio-cultural,
capa que reveste o sonho
tecido único com o qual se fazem
as vestes do tempo

Querem nos deixar nus,
querem nos deixar nus!!!

domingo, 27 de março de 2011

Carnifício

Que deus perdoe a vontade viceral que tenho de morder a sua carne
Logo eu vegetariano do sexo, na espreita do açougue bordel.

Mas e o lugarzinho no céu?

como fica?

Como...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Elementos para uma filosofia do amor (parte 1)


Casar é convidar alguém a ser um espectador diário da sua vida,
descobri esses dias que a palavra espectador vem do latin Especulum que significa espelho. Pude compreender então que casar é ter alguem cotidianamente te refletindo, te mostrando quem você é e vice e versa.
Acho que só descobri algumas partes de mim através da relação conjugal e assim sendo pude perceber que a maior questão no dia-a-dia da relação não é a convivência com o outro, mas sim com o que o outro revela de nós. Por muitas vezes nos negamos a estabelecer vinculos mais duradouros com quem amamos por conta do medo de desvendar quem realmente somos.

sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Mosaico

Dos cacos de amor
A tentativa esquizofrênica
De montar uma imagem.
No ideário são peças. mas de fato não às são

Quebra-cabeças da utopia
Retalhos de gente. estilhaço, agonia...
Miragem?

Te admiro da margem de minha imaginação
Te miro em pintura com a ponta do meu pincel

Penso em fazer um mosaico,
Mas pêgo em meu romântico
Ato prosaico,
desisto.

Mosaico só é belo pra quem vê de longe,
De perto ainda é caco, é risco.

Artista em euforia,
na eminência da obra que não correspondia
o sangue empenhado na construção,

Eu, pela primeira vez senti medo de criar

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Um dia de cada vez,
uma vez todo dia
ainda que sempre sangre
e que se espalhe em torrente agônia
prefiro as guerras,
guerras de poesia!

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Túnel do tempo


Hoje olhei na fresta do passado
e me vi lentamente derramando-me
pro que agora sou

sangrei vaidades, senti saudades, revivi alegrias...
reamarrei a lembrança na trouxa que carrego pelo mundo
resgatei quem fui por alguns segundos
e respirei ares bravios de tempos atrás

um aroma gostoso e pesado

logo meus pulmões de agora
me forçaram a voltar pro presente

Mas naqueles instantes eu pude
reacender uma lâmpada incandescente
que há muito vivia apagada nas veredas
do coração

um gosto antigo veio revisitar meu paladar,
antigas canções soaram em meus ouvidos
enquanto eu observava aquela velha fotografia