sexta-feira, 4 de março de 2022

Esperança


Eu queria dizer que não importa minha inabilidade de encanador e o odor da massa plástica exagerada na pia mal posta, mas tá ali, um pouco de mim escorrendo com o tempo que intuitivamente eu sempre achei que fosse pouco. Ainda que não seja, ainda que venha a ser só impressão ou fixação por aquele poema do Valmir, você cuidando do meu sopro no coração, eu sem saber dirigir, enxergando cada vez menos e você se esquecendo do quanto eu te amo minha vênus...

Enfim, eu só queria falar dos sonhos, dos anos, mas esqueci da vírgula e minha ansiedade não se cansa de escorrer com o tempo entre os dedos, e meus medos e os maus hábitos vão sempre me lembrando do quanto eu poderia ser mais e não posso, antes fosse o Takayasso uma couraça de aço, mas é poço e eu não sou dócil e se não bastasse a instabilidade de tudo continuo sempre buscando mudar o mundo sem nem saber arrumar a pia. E fico pensando em quem admiro e não consigo deixar claro, sem parecer caipira, aí eu piro e não reparo no boleto atrasado e viajo noutro projeto incompleto e o tempo escasso e a goteira do teto em outro canto...

Ahh deixa isso pra lá. Será que vai dar tempo de ensinar a pequena a andar de bicicleta? Será que o mais novo vai jogar futebol? E o mais velho estará tocando baixo ou desenhando? PARA PORRA!!! Era pra ser um poema de esperança e eu já mudei de foco de novo, que zona! Deve ser a cortisona e essa angústia revestida de inspiração no belo filme espanhol que vimos hoje, escrevi tudo isso só pra dizer que quero passar a vida toda do seu lado, enroscado no seu pé na hora de dormir, achando o nosso encaixe nesse mundo cheio de ódio e desejo de mudança, desculpa era pra ser um poema de esperança, mas não consigo esperar, sigo correndo contra o tempo e você respirando como o mar...

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